"8 Casas" Capítulo V - Os Guardiões da Magia e O Livro da Bruxa

O Livro da Bruxa

A Academia Arcana de Magia Luz & Trevas abriga à centenas de anos os mais respeitados aprendizes das 7 principais dimensões e além. Cujo tornam-se Conjuradores capazes de exercer suas especializações nos diversos ramos da sociedade mágica com a certeza de terem sido graduados em uma escola de magia de elite.

Luz, antiga diretora de Luz & Trevas

Porém a Academia, como em qualquer instituição mágica, também possui seus segredos sombrios. Por exemplo, ha quase dois anos a antiga diretora, Luz uma Marid (Fada) de KAF, foi acusada de encobertar uma sociedade secreta do alto escalão dentro dos grêmios que conspirava para a invocação de uma antiga Divindade Demoníaca poderosíssima. Ela foi destituída de seu cargo e aparentemente tudo voltou ao normal. O que os aprendizes não sabem é que esse foi apenas um caso revelado do que esta prestigiosa academia esconde dentro do seu plano. Seria essa a única sociedade secreta? Existiriam outras não desmascaradas? Onde estão os então "Deuses Fundadores" que não zelaram por suas criações, os grêmios? Ou seriam eles os incentivadores de tudo? Que outros segredos sombrios se escondem além dos planos de invocação de um Deus-Demônio antigo? Alguma magia oculta antiga, talvez? Um novo grupo de heróis aprendizes conseguiriam desvendar esses segredos? Assim como alguns o fizeram e outros acabaram seguindo para o lado trevas da luz? Teria esse novo grupo um destino de Luz ou de Trevas?

Isso o misterioso Livro da Bruxa, agora em minha posse, não revela, mas terei que continuar observando e mexendo meus pauzinhos, como avisar a um professor de uma conjuração sem supervisão, trocar bombinhas de jaulas no Zoo, atrasar o relógio do Baile das 8 Casas e incentivar um aprendiz a usar um Monstro Natural ao invés de um Monstro Hoax em um jogo de caça-monstro. Esses interessantes aprendizes que possuem mais em comum do que apenas a morte dos pais e os grêmios opostos a que pertenciam. Eles ainda não sabem mas, são os guardiões de uma poderosa magia selada e oculta em algum lugar da academia, uma conjuração roubada por uma sociedade secreta de gênios do passado, os antigos alunos em destaque da escola. Sociedade essa formada por seus pais e perdida, assim como a conjuração roubada, após suas mortes. Mas, porque se dariam ao trabalho de terem filhos se não fosse para serem os novos guardiões das palavras mágicas? Da magia divina que tanto buscavam, e falharam, em possuí-la? Tudo que fiz para nossos heróis foi apenas para mostrar-lhes uma direção que devam seguir, nem que a direção seja à caminho da boca de um Dragão!

...

- Cara eu me amarro em Dragões! E que outra chance teríamos de vir para o Castelo da Diretoria e visitar o Calabouço onde ele se esconde? - Disse empolgado o monte de pedras porém com coração quente Goleriano do grupo em detenção.

- Caramba só de imaginar os inúmeros artefatos mágicos que devem ter em sua toca! Queria só uma escama! Uma única escaminha! A venderia por mil valquírias! Seria o fim dos meus problemas com a CEA (Carteira Estudantil Arcana) - Essa foi a, um tanto interesseira, androide da turma já se dirigindo a porta aberta da Torre da Detenção onde estavam.

- Sem chances disso acontecer! Você quer outro motivo para voltar aqui? Que tal a expulsão por sair da detenção e invadir um local proibido dentro de outro local proibido como o Castelo da Diretoria? O que você tem na cabeça grandão? Pedras?! - Esse foi o Skuld, o meio-elfo, pode ser arrogante nas palavras mas poderia ser o mais sensato do grupo. Bem, poderia...

- Um momento garotinha robô! Falando em Valquírias (dinheiro da academia) você me vendeu baterias para skate falsas! Me disse que ele ficaria mais rápido com elas e nada aconteceu! Quero meu dinheiro de volta! - O golleriano se virou apontando para uma encabulada androide pega de surpresa.

- Foi é? Ha-ha! Deve ser porque seu skate não é eletrônico bobinho! Claro que elas não funcionariam! Mas por 100 valquírias eu coloco um motor nele e a gente resolve esse problema. E pela segunda vez "Golem" eu sou Androide  (meio-humano) e não robô! (100% máquina).

- 100 valquírias, que roubo! Você me enganou! E... Espera um pouco projeto de elfo... Do que você me chamou? 

- Quer que eu repita devagar para ver se me compreende? - O Skuld lhe respondeu, visivelmente irritado pelo "projeto de elfo" que foi chamado porém, com um sorriso sínico - Ca-be-ça de Pe-dra! Entendeu agora?!

- Vou fazer você engolir isso seu metido! - O Goleriano avançou com tudo em direção ao Skuld, segurando com ambas as mãos em seu colarinho pressionando-o contra a parede como um verdadeiro jogador de caça-monstro.

"Ótima oportunidade para testar minha magia"

- Ótima oportunidade para testar minha magia de evocação, um truque de primeiro ano! - Disse o meio-elfo agarrando a jaqueta do Goleriano com uma mão e tocando seu peito com a outra - Toque Chocante!

Toque Chocante e o Orbe Oceano

Eletricidade partindo da ponta dos dedos envolveram todo o braço do Skuld como um condutor em direção ao peito nu do Goleriano que foi eletrocutado pelo poder da magia. Todos olharam espantados, inclusive a outra garota em silencio na sala. Escondido em um bolso na sua blusa o Orbe Oceano, seu poderoso item mágico, brilhou intensamente deixando os olhos, cabelos e partes do corpo do meio-elfo com um brilho azulado da cor do mar, como no orbe, intensificando o poder da magia de primeiro ano gerando um efeito muito maior que ele esperava. Resultando no jogador sendo arremessado para o lado oposto da sala pelo impacto da magia. A entediada garota chamada agora por todos de garota zumbi, parou de acariciar sua gata familiar e olhou para cima, no teto, procurando por um item comum nas salas da academia o Lustre Mágico e reparou que nele todos os Cilindros Metamágicos haviam explodido. Em todas as salas há um lustre mágico que carrega os cilindros metamágicos com diversos efeitos, entre eles um para permitir aos alunos testarem magias que não conhecem ainda. No caso da Torre da Detenção esses cilindros deveriam impedir que magias fossem lançadas, e ela deduziu que algum item mágico trago pelo meio-elfo havia causado esse efeito, roubado a magia dos cilindros para aumentar o efeito de sua própria magia. E ela conhecia bem itens mágicos que moldava o efeito de uma magia, como o seu colar por exemplo.

A chamada Garota Zumbi

- Parafusos! Você matou ele seu lunático! - A androide correu para resgatar o colega de detenção, quando então reparou que a queimadura no peito do Goleriano estava sendo curada rapidamente. Claro que ela não sabia que isso era um efeito comum dos Gollerins, as fada-golens, que ele trazia escondido em seu braço como uma simbiose.

"Você matou ele seu lunático"

- Agora sim você me irritou - O Goleriano abriu os olhos em cólera - Vire bumerangue! - Ele gritou para o Cetro Negro que trazia sempre consigo desde que o descobriu em uma runa que ele mesmo havia criado quando criança, e obedecendo seu comando a Matéria Negra se transmutou em um bumerangue em volta do osso.

"Agora sim você me irritou!"

Com muita habilidade, resultante em anos de treinamento com diversas armas nas lapidações e extrações nas pedreiras de KAF, ele lançou sua arma negra que acertou em cheio o braço do Skuld prendendo-o em definitivo na parede, fazendo o orbe oceano cair de sua mão. Ainda não satisfeito o meio-elfo gritou pelo seu familiar Garra o Pandium, uma águia aquática de Ellillon, que treinado em caça voou em direção ao oponente em ataque para defender seu mestre, mas foi prontamente bloqueado pela carapaça diamante super resistente de Escuda, sua tartaruga diamante familiar. Ambos estavam com o orgulho ferido de mais para encerrar esse duelo, ainda que tivesse chegado a esse ponto, não poderiam parar e se dar por vencidos.

- Escudo Arcano! - Conjurou o meio-golem em sua familiar fazendo-a assumir uma forma de escudo de um metro de extensão, ele empurrou Escuda com o pandium em direção ao Skuld preso, esse ataque iria gerar uma enorme contusão no seu oponente e em seu familiar. 

- Formação Meca 2! Contenção de Emergência! - Gritou a androide já cansada desse duelo que começou animado e interessante e se tornou apenas uma briga para inflamar os egos de ambos os garotos da sala - Já chega de hormônios garotos! As garotas já estão "super" impressionadas com quão másculos são!

"Formação Mecha 2"

Amy e Yume, seus gigantescos braços mecânicos, se uniram à Canivete, seu droide companheiro, assumindo o lugar de seus pequeninos braços, e tendo também Diglos, seu familiar androide, enrolado em seu próprio corpo finalizando o mecha como sua cabeça e alterando sua cor com seu poder de camuflagem. Amy e Yumi agarraram os braços dos garotos, atrapalhando a conjuração das magias, enquanto Canivete pulou em Escura transformando seus pés em arpões que prenderam-na no chão, impedindo-a de prosseguir. Diglos lançou sua poderosa e extensa língua metálica prendendo Garra pelos pés. Fazendo os quatro ficarem presos à seu mecha e dando por encerrado o confronto.

- Muito maduro garotos, e eu acreditando que o meio-elfo era o mais sensato do grupo - levantou-se da cadeira a então silenciosa garota zumbi pegando a todos de surpresa se dirigindo à única janela da sala - Não seria mais fácil apenas deixarem o orgulho de lado e pedirem desculpas um ao outro? Ou Golerianos e Skulds são tão sensíveis a ponto de serem ofendidos tão facilmente por qualquer bobagem como essa? Esqueceram que quem se acham superiores aqui na academia são os humanos? E que para eles vocês não passam de meros Aliens e nada mais? - Ela olhou pela janela, estranhamente aberta, e abaixo. Fechou os olhos sentindo-se soar como Edah, sua amiga Ryngu - Só estou entediada de tudo isso, cansada de me esforçar para ser a "perfeitinha" para os professores, para minhas ex-amigas e para o Gato. Cansada de querer seguir os passos de minha mãe e acabar pondo tudo a perder, como já fiz antes!

Isso, de fato, pegou a todos de surpresa. Afinal, o que mais tinham em comum todos eles? Que todos são imperfeitos querendo viver a altura da fama de seus pais. O Skuld sabia que jamais seria um elfo, que não poderia ser comparado à seu pai e, por mais que não quisesse isso de verdade, no seu âmago só desejava ser aceito pela comunidade élfica, assim como o seu pai lhe aceitava. A androide também sabia que não conseguiria seguir os passos de sua mãe, principalmente com o peso de ser a única androide da academia, e que estava cansada de ter que provar que androides também são merecedores de estarem ali, conjuradores como qualquer um. E o Goleriano não queria admitir, por mais que gostasse de Caça-Monstro, tinha medo de perder a diversão por estar sempre se esforçando à viver à altura de sua mãe. Todos estavam um pouco cansados da pressão de viverem como seus pais e sentirem-se frustrados pelas coisas não saírem como o planejado. Seus pais poderiam até terem sido perfeitos, os gênios e destaque de seus grêmios, mas eles não precisariam ser. Pelo menos não hoje.

- E então? - A garota zumbi, exausta de bancar a perfeita, retirou seu colar do pescoço encerrando o encantamento que a fazia "normal" aos olhos de quem a visse, e se tornando uma morta-viva em plena luz do dia, pela primeira vez decidindo se mostrar por sua própria escolha ainda que na frente de desconhecidos. Cansada de seguir as regras continuou -  Já que estamos aqui, quando vamos enfim procurar esse dragão?

- Se tem uma coisa que aprendi na Luz & Trevas esse ano - disse a androide depois de um período de silêncio dos três, a qual a garota zumbi já estava acostumada - Como androide, e que cabe muito bem a todos nós, é que mesmo que a aparência não seja a melhor, o coração é! - E sorriu para a possível primeira amiga que fizera na academia, sabendo que ela tinha um bom coração ainda que de fato pudesse vê-lo na morta-viva batendo diante de seus olhos mecânicos. 

...

Sair pela porta da frente seria um verdadeiro problema para o inusitado grupo, mas quem desconfiaria deles descendo pela janela? Não foi difícil para a destemida androide e suas poderosas formações mecha desenvolverem um método seguro para escalarem de uma das Torres da Detenção até o Calabouço no interior da ilhota flutuante, em um pequeno acesso facilmente descoberto por um bichano qualquer. Assim o meio-golem poderia facilmente vislumbrar todo o Castelo, por fora, sem chamar muita atenção. Já que "coincidentemente" os soldados sentinelas não faziam sua ronda por aquela parte do castelo, não naquele exato momento.

E quem diria que eles de fato chegariam ao Calabouço do Castelo? Ainda que tenham demorado um pouco, lá estavam. Vasculhando o local como um verdadeiro grupo de aventureiros desbravadores, invadiam o breu dos porões da diretoria em busca de um mito, cujo o meio-golem acreditava veemente ser verdade. Após tanto andarem em uma escuridão sem fim, a ponto de concluírem as 24 horas estabelecidas pelo castigo, o cansaço e a falta de fé lhes tomavam por completo e até o mais relutante do grupo por sua vez começou a desacreditar no objetivo da missão.

...

- Não acredito que será igual ao Espelho Portal da Biblioteca Lunar! Que não existe! - Sentou-se cansado o meio-golem depois de tanto andarem em um porão que mais parecia um labirinto! - Por acaso alguém sabe qual caminho é o da volta?

- Não se preocupe escaneei todo o caminho que fizemos com o meu tablet! - Se gabou a androide mostrando-lhes o objeto desconhecido para alguns. E logo depois revelou seu semblante de pura frustração - Não acredito! Não está funcionando! Que droga! - Ela sentou-se no chão tristonha e a qualquer momento parecia que faria birra.

- Que ótimo! Perdidos no escuro, em um labirinto, no fundo de um castelo! De quem foi mesmo essa brilhante ideia? - Sorriu o meio-elfo encarando os rostos da garota zumbi e meio-golem que o olharam secamente.

Olhos de Zumbi

Por sua vez a garota zumbi adentrou mais o interior da escuridão, e com seus olhos de morto-vivo conseguia enxergar tudo claramente, ainda que preto e branco. Viu sua meia-noite arrepiar-se toda pressentindo algum perigo. Assim como o Garra do meio-elfo.

- Não sei não, me parece que tem alguma coisa se mexendo ali na frente... Perto de algo brilhante... - disse ela seguindo ainda mais adiante, ainda que todos em suas lamentações não lhe tenha dado ouvidos.

- Olha só! - Abaixou-se o meio-golem perto da androide - Você nem reparou, uma moeda! "Souvenir!" - Pegou ele um item brilhoso cujo qual Escuda estava brincando. Se tratava de um item de formato arredondado com um furo no meio, e nele um dragão escupido. 

- O quê? - Arregalou os olhos a meio-robô começando desesperadamente uma verdadeira caça ao tesouro com seu familiar - Vamos Diglos! Use o super-zoom de seus olhos! Vamos! Vamos!

- É sério pessoal tem algo vindo para cá... Algo grande... - Continuava os temerosos alertas a preocupada garota zumbi agora bem distante do grupo.

Olhos do Meio-Elfo

- Espera um pouco! - Alarmou o Skuld à colega morta-viva percebendo o presságio de perigo alertado a tempos pelo seu familiar. Com seus olhos superiores aos comuns ele era capaz de ver duas vezes mais longe que um humano mesmo em condições de pouca luz.

O Orbe Oceano

De súbito um estrondoso berro seguido de um grande sopro de vapor escaldante pegou a todos de surpresa! Queimando-os superficialmente. Os três caíram longe pelo impacto do sopro e quando menos esperaram um deles já havia desaparecido. E de longe ouviam o grito cada vez mais roco de sua companheira zumbi. O Skuld conseguia ver claramente um enorme par de olhos reptilianos brilhantes em meio às trevas. E se viu pela primeira vez impelido à ajudar alguém. Em ajuda-la. Um sentimento que conhecia de sua mãe

Diferente dos elfos, naturalmente orgulhosos e insensíveis, por ser uma alien em Ellillon, ela era calorosa e sempre decidida a ajudar quem precisasse. Ajuda-la, talvez, para reparar a grosseria com que tratou a garota zumbi no primeiro dia em que chegou à academia. Talvez ela não lembrasse, mas eles já haviam se visto antes, ele havia ficado bastante chateado quando ela e sua amiga lhe chamaram de elfo por engano em seu primeiro dia de aula. Ninguém nunca o havia confundido com um elfo antes, isso o deixara confuso e sem saber como reagir a tratou como os elfos sempre tratam quem consideram inferiores à eles, como sempre lhe trataram, como escória. Pensando rapidamente ele olhou para os outros dois no chão, sabendo que não era capaz de resgata-la sozinho, tratou de bolar imediatamente um plano para salvarem sua aliada.

Colar com a Pedra Branca

A zumbi olhava apavorada para os olhos que lhe analisavam. E ao se ver refletida dentro dos olhos da criatura lhe pareceu que ela era bastante inteligente, e que não estava nada interessada em come-la, parecia mais interessada em outra coisa. Segurada por uma imensa pata escamosa ela via duas enormes unhas se dirigirem à seu bolso, e extraírem dele seu colar com a Pedra Branca. Ainda que paralisada pelo medo ela não poderia deixar essa criatura levar seu presente deixado por seu pai. Quando, enfrentando bravamente a criatura, Meia-noite, sua familiar, pulou ferozmente do pescoço da dona, indo de encontro ao cordão, conseguindo arrancar dele o mais importante, A Pedra Branca, deixando apenas a corrente na pata do monstro. Irritada, por não conseguir a pedra, a criatura se preparou para um novo berro quando a garota zumbi escutou de longe o grito da androide "Formação Ultimate Mecha!" e logo após um enorme e poderoso raio atingiu a cabeça da criatura em cheio, fazendo-a vacilar por alguns instantes e libertar a zumbi de sua posse. Ela não havia percebido, mas algo havia ficado enganchado entre as alças de sua mochila. O clarão de luz deixou bastante claro à todos o que enfrentavam de fato.

- "Dragão Elemental Vermelho" - Alarmou em atraso o tablet da androide que decidiu voltar a funcionar. 

Dragão Elemental Vermelho Adulto no Calabouço do Castelo da Diretoria

Assim que caiu a zumbi foi prontamente resgatada pelo meio-golem, em seus braços, que correu em disparado de volta à formação, de acordo com os planos do meio-elfo que sabia que o mais atlético para resgata-la seria o cabeça de pedras e não ele, que odiava esportes. O meio-elfo também sabia que dragões, principalmente os vermelhos, adoravam riquezas e colecionar itens poderosos, então, assim que a garota zumbi caiu, ele tratou de mandar o Garra, seu familiar, segurando em suas patas o Orbe Oceano, para distrai-lo, por um instante que fosse. E mesmo vendo a Pedra Branca escapar por entre seus dedos, parecia que o dragão havia mordido a isca, hipnotizado pelo brilho azulado do orbe nas garras de Garra que sobrevoava diante de seus olhos enquanto o atleta fugia com a garota em seus braços. O Skuld gritava para o meio-golem correr mais rápido, e das profundezas da garganta do dragão a zumbi via chamas mágicas se formarem, pressentindo seu fim. Parecia que não só Garra, como os dois colegas de detenção também seriam tostados, deixando apenas seus itens com a criatura. 

- Nem pensar monstrão! - A androide não deixaria ele desintegrar sua possível nova amiga e não exitaria em abrir mão daquilo que lhe parecia uma grande conquista esse ano. Ela extraiu as BMS (Baterias Mágicas Solares), do seu tablet que havia voltado a funcionar e colocou junto ao núcleo de Canivete, seu droide que na nova formação havia se fundido à Ami e Yumi em um enorme canhão de energia - Ataque Final! - Ela gritou e por cima da zumbi e do goleriano uma enorme e mais poderosa rajada de energia mágica atingiu mais uma vez o dragão distraído, esgotando as BMS e provocando um dano severo ao seu rosto, diferente do primeiro disparo que não havia lhe causado dano algum.

- Escudo Arcano - O Goleriano conjurou mais uma vez a magia em Escuda seu familiar, tornando-a um enorme escudo voador, mas que dessa vez usaria como um skate para que todos fugissem dali rapidamente. Chamando todos para cima assim que se uniu aos outros. 

- Por debaixo das pernas do dragão - Indicou a garota zumbi apontando na direção oposta á que fugiam, para algo brilhante que vira no final do grande corredor. A princípio todos haviam pensado ser um delírio, mas logo o Skuld conseguiu enxergar claramente o objeto que salvaria suas vidas - Do outro lado tem um portal! 

- Rápido Cabeça de Pedra! - Apontou para o portal o Skuld enquanto o Dragão levantou-se sobre as patas traseiras apalpando seu rosto com as patas dianteiras sentindo dores devido ao ataque repentino.

- Não enche projeto de elfo! - E foi para onde o meio-golem os levou, passando rapidamente por debaixo do dragão manobrando com precisão Escuda como um enorme skate flutuante.

E bem próximos ao portal, depois de chegarem às costas do dragão, o mesmo olhou agora extremamente furioso para o quarteto invasor. A criatura sentiu não apenas a Pedra Branca e o Orbe Oceano indo embora de sua posse, mas também dois outros itens que lhe pareciam poderosíssimos. E ele não poderia permitir não tê-los em sua coleção. E tratou de conjurar um sopro que liquidasse de vez os invasores, ainda que desde o começo não fosse sua intenção, mas que poupasse os itens com eles. E ainda com sua garganta em um brilho escarlate endireitou seu longo pescoço em direção aos intrusos e despejou o temido sopro do dragão em direção ao grupo. Uma tempestade de chamas mágicas se dirigiam aos aprendizes como um tsunami alaranjado.

Acertando a formação Ultimate Mecha da androide, que estava na ponta do escudo voador utilizando suas ultimas energias como um propulsor para deixar a familiar mais rápida, desmanchando Canivete e parte de suas queridas Ami e Yumi, desmanchando também a meio-robô em lágrimas enquanto via os pedaços derretidos de seus únicos amigos durante todo o ano deixados para trás. A Androide e Diglos também só não foram destruídos por estarem dentro da formação, ainda assim saíram completamente danificados. Escuda, por sua vez, também fora atingida nas patas traseiras e parte de seu resistente escudo diamante não se mostrou tão eficaz contra as chamas de um dragão vermelho, a provável criatura mágica mais poderosa que já existira. E no meio do caminho, entre as chamas e o portal, o meio-golem sentiu que sua familiar não aguentaria. Mas, antes que pudesse tomar qualquer iniciativa, como mesclar os Gollerins à Escuda por exemplo, ele ouviu uma magia sombria sendo conjurada.

- Estabilizar - Conjurou a garota zumbi sob a familiar do seu salvador a única magia de necromancia que havia aprendido desde que fora coroada Rainha do Corvo no baile - Assim ela aguentará pelo menos até ser melhor tratada - a magia permitiria que Escuda não desmaiasse por causa dos ferimentos e conseguisse ao menos chegar ao portal antes de ceder. A garota zumbi também a conjurou sob a ferida Androide.

Mesmo com a perda e com o estado de Escuda, seu meio de transporte, eles conseguiram atravessaram o portal antes de serem todos acometidos pelas chamas de um furioso dragão elemental que não conseguiu o itens dos invasores que tanto queria. O quarteto tiveram um rápido vislumbre da coleção de tesouros do dragão, logo atrás do portal, gemas, artefatos, livros, inúmeros itens e muitas pedras preciosas enterradas num mar de moedas de ouro. Ao atravessarem pararam todos inusitadamente dentro do Grande Templo de Aulas, em plena madrugada, na frente do grande pilar Totem no centro da estrela de oito pontas. Quem diria que um dos diversos pequenos portais, escrito "Porão", espalhados pela Praça Central e Grande Salão de Aulas daria acesso ao covil de um Dragão Elemental Adulto.

Canivete

- Parafusos! - Chorava inconsolável a androide segurando uma única peça que salvara de seu inestimável amiguinho ajudante Diglos, um único parafuso. Enquanto era consolada pela garota zumbi a quem ajudara a todo custo.

- Obrigado... O modo como você enfrentou o dragão para nos salvar! Totalmente Bad-Ass! Foi incrível! Você tem razão, você não tem nada de máquina, me parece que é mais humana que muitos humanos aqui nessa academia. Mais amiga que muitas que chamei de amiga. - A consolou sua nova amiga zumbi.

- Aguenta amigona! Vamos! Você é durona lembra? - Choramingava o meio-golem vendo pela primeira vez o escudo de Escuda se mostrar ineficaz, deixando severas queimaduras nas patinhas traseiras e parte da carapaça de sua familiar, cujo ele tentava tratar com a ajuda dos cinco Gollerins saídos de seu braço - Você será agora "Escuda a Marcada!" Não é demais? Vamos amigona! Força!

O Skuld via o sofrimento de todos e quando ponderou que tudo aquilo fora apenas o resultado da consequência de seus atos pensou em brigar com os três por influencia-lo a ir nessa missão suicida, dizendo que esse era o resultado pela ideia absurda que tiveram de ir procurar um dragão lendário, ainda que de fato exista. E que se tivessem ficado na detenção estariam agora todos bem em seus quartos dormindo em suas camas quentinhas. Sem perdas, nem ferimentos, nem queimaduras. Mas...

- Vai ficar tudo bem! - Tanto ele quanto os seus três companheiros de aventura o olharam pasmos pelas inusitadas palavras de acalento - Eu tenho certeza que você é capaz de construir outro Diglos! - Disse olhando para a Androide. E agachando-se para acariciar Escuda olhou para o meio-golem - Essas criaturinhas são golens fadas não é mesmo? - O Skuld viu o Goleriano acenar um sim com a cabeça - Eu sei que os Gollerins conseguirão curar Escuda, pensa que eu não havia percebido da primeira vez? Não lembra como as queimaduras severas que fiz em você foram curadas quase que instantaneamente por eles? Apenas de-lhes um tempo - Consolou-o dando um sorriso cujo meio-golem acreditava que ele era incapaz de fazer. Até mesmo o próprio meio-elfo sentiu-se estranho dizendo aquilo, porém feliz em seu interior, porque seria isso que sua mãe falaria em uma situação como essas. E pela primeira vez o quarteto sentiu algo, uma ligação, como se fossem realmente companheiros. Realmente amigos.

- Me parece que você tem tudo sob controle não é mesmo meu caro Skuld? - Todos foram pegos de surpresa ao verem o próprio diretor Dearg Sckhar  vindo em sua direção e saindo do mesmo portal que eles. Os quatro se levantaram no susto - Pelas palavras de consolo ao grupo devo presumir então que a fuga da Masmorra da Detenção seguida pela invasão ao Calabouço do Castelo é um miraculoso plano seu? Tornando-o líder dessa equipe? - Perguntou o diretor numa entonação calma e serena porém com uma assombrosa aura que gerava pânico a quem o olhasse.

O diretor Dearg Sckhar 

- Sim! Sou o líder! E tomo à mim toda a culpa! - Não sabia o porque essas palavras saíam de sua garganta! O frenesi? A adrenalina? Ou pelo fato de pela primeira vez estar com uma equipe, enfrentando uma situação em companhia ao invés de sozinho como sempre fora?

- Entendo! Você está ciente que isso é caso de expulsão, não é mesmo? - Um olhar dilacerante do diretor recaiu sobre o meio-elfo que agora sim via seu sonho por um fio. Sentia-se inerte em correntezas desconhecidas que o levariam ao seu fim. Sua mente esvaziou-se de recursos. Com suas pernas bambas ouvia os colegas de detenção protege-lo e assumindo a culpa. E estranhamente nenhuma resposta, ou defesa se formava em sua cabeça. Perdido no limbo tudo o que conseguia prestar atenção era em um pequenino corte cauterizado na parte direita no rosto do diretor.

- O senhor sempre possuiu essa cicatriz? - Perguntou o Skuld calando à todos, inclusive ao próprio diretor, deixando-o, talvez pela primeira vez desconcertado e surpreso.

- É claro que tal punição não viria ao caso... - O diretor sorriu decomposto - Então líder, como punição você e seus amigos terão três pontos descontados de sua CEA, e passarão todos os finais de semana durante o primeiro mês de aula do segundo ano na detenção! Mas espero que dessa vez não planejem fugir de lá e invadir outra parte do Castelo! Fui claro?

Todos sorriam satisfeitos e o skuld agradeceu em aceno ao diretor por aliviar a pena da infração que cometeram, mas sabia que aquilo fora um pacto implícito para manterem o segredo do Dragão Elemental Vermelho apenas entre eles. O diretor deu uma bela olhada para o quarteto, e mais precisamente para onde todos guardavam seus poderosos itens mágicos, e mandou-os esperar o Guarda dos Sentinelas para lhes acompanharem aos seus dormitórios, pois eles não iriam querer serem capturados pelas criaturas anti-mágicas por estarem vagando pela academia depois do toque de recolher. E ao passar pelo portal de onde veio, e de onde saíram, teve certeza que o mesmo fora desativado pelo outro lado. Ao se virar o Skuld se surpreendeu pelo abraço da Androide. Tapinha nas costas do meio-golem e sorriso simpático da garota zumbi.

- O que há de errado com vocês? Desde quando disse que gosto de tanto contato físico? - E todos sorriram em resposta, apesar dele estar falando muito sério.

Com Escuda nos braços o meio-golem virou-se e olhou para o sagrado Totem dos Deuses Fundadores e sorriu numa prece, em agradecimento por estarem vivos e por sua familiar não ter morrido, agradeceu por ter matado o monstro e invadido um jogo de caça-monstro, assim nada disso teria acontecido, não teria ficado em detenção, não teria desvendado um dos seus 8 mistérios de L&T, e não teria os conhecido; A androide sabia que jamais reconstruiria um novo Diglos, porque sua placa mãe e memória haviam sido derretidos e ele era único, mas se sentiu acolhida e protegida pela primeira vez. Explodir uma gaiola no Zoo lhe rendeu a detenção, mas lhe garantiu amigos; A garota zumbi percebeu que não precisaria se esforçar para fingir ser alguém quem não era. Manter seu segredo escondido da escola lhe levou à detenção por fraudar sua verdadeira raça em sua matrícula, sendo que ela teria sido aceita se tivesse falado a verdade, mas lhe mostrou que existem aliens, aliás, pessoas, que lhe aceitam como ela realmente é; E o Skuld olhou para o totem, e ainda que não acredite que os fundadores sejam deuses e que zelem pelos aprendizes lembrou-se de seus pais e não sentiu-se mais sozinho na presença dessa equipe.

- Engraçado, nunca tinha reparado que são frases élficas formando um círculo em volta da estrela de oito pontas... Lembra a Roda do Ano de Ellillon... - Divagava quase que sozinho o meio-elfo ao analisar o totem e a estrela octogonal em que se encontravam.

- Então... Vamos nos chamar de "meio-golem", meio-elfo", "Garota-robô" e "Garota zumbi" o tempo todo? Ou vamos nos conhecer devidamente? - indagou a zumbi.

- Minha mãe dizia que devemos ter cuidado ao revelarmos nossos verdadeiros nomes, usarmos só apelidos, pois nomes tem poder! - respondeu o goleriano.

- Poder? Tipo magia? Tipo uma conjuração ou o que? - Questionou a Androide realmente em dúvida enquanto os outros dois riam.

- Enquanto grávida minha mãe contava a todos que eu seria caloroso, um "elfo diferente", mesmo sabendo que eu nasceria um Skuld, por isso odeio quando me confundem com um elfo... Não foi culpa dela sabe... Ter fugido... Ter me abandonado sozinho - Mesmo triste, sorriu o meio-elfo - Ela adorava o solstício de verão, e quando criança ela sempre me levava para assisti-lo e acompanhar as festas em Ellillon. Ela me deu um nome bem caloroso, em homenagem ao solstício, prazer meu apelido é Veras mas, me chamo VERÃO!

- Que coincidência também possuo o nome de uma estação, quase que a única na dimensão Ferrugem - Sou a OUTONO! - Disse a androide - Me chamem de Tom!

- Sou a INVERNO! Ou Invy como minhas amigas me chamavam - disse a garota zumbi - e não posso acreditar que seus pais tiveram o mesmo mau gosto para nomes quanto os meus! Seria alguma moda na época deles?

- Não brinca!? Que da hora! Somos uma equipe mesmo! Até nos nomes! Eu ia dizer Prima, como me chamam em KAF, é a única estação mais duradora por lá, mas meu nome é PRIMAVERA!

Ao concluir a presentação e invocarem seus nomes todos se assustaram pelo efeito que isso causou ao totem e ao octagrama.

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Quão sortudos são esse novo grupo de heróis da Luz & Trevas. Ninguém pode negar que a L&T faz incríveis e poderosos heróis. E quão sortudo sou por presenciar tão importante evento. A Roda, a sociedade secreta formada por seus pais, de grêmios opostos, poderiam até saber onde se escondia a magia selada dos deuses fundadores. Poderiam ter posse das palavras mágicas, que roubaram, e até conhecer o ritual, mas pelo visto jamais romperam o selo e usaram a tão poderosa conjuração. Afinal, não seria qualquer um que poderia usar as palavras. E quem diria que em um ano conseguiria bem mais avanços do que na última década? No misterioso Livro da Bruxa, antes da Roda e agora meu, esta escrito que somente a união dos opostos saberão e usarão em pleno poder as palavras mágicas que conjurará a magia. E quem diria que os opostos seriam um aprendiz de cada grêmio oposto? Quase ri por não pensar no óbvio!

Um Golem (Kaf) da Tartaruga oposto à uma Humana (Kaf) da Lagarta; Um Freyr (Ellillon) do Peixe oposto à uma Humana (Terra) da Águia; Uma Humana (Terra) do Gato oposto à um Humano (Terra) do Corvo; e uma Androide (Ferrugem) do Camaleão oposta à um Androide (Ferrugem) da Coruja. Pais e mães de cada um dos nossos aventureiros guardaram nos filhos as palavras mágicas que roubaram e protegiam. Pois não bastariam ser apostos, precisariam uni-los. E os pobres coitados se espelhando tanto em seus pais, mal sabem que só os tiveram para concluir a primeira parte do ritual que é justamente unir os opostos!

Cheguei a tempo de vê-los impressionados com que o simples "dizer" de seus poderosos nomes pôde causar. As palavras mágicas roubadas eram agora por direito deles, afinal, foram nomeados com elas. E bem sabemos que nomes tem poderes! Mal sabem eles o que mais esses nomes podem fazer. Ativando o selo escondido debaixo do meu nariz todo esse tempo. Em pleno o centro do Grande Templo de Aulas. Todos as réplicas dos familiares dos fundadores no totem abriram seus olhos que se mantiveram fechados por tanto tempo, olhando para os novos Guardiões da Magia, começaram a pedir-lhes algo. Infelizmente não pude entrar e tive que assistir à tudo escondido, de fora com minhas crias. Assim que falaram as palavras mágicas nos nomes deixados pelos seus ambiciosos pais cumpriram a segunda parte do ritual. E agora a terceira parte e talvez a mais importante: O pagamento pela magia! Seus pais também cuidaram disso? O que deixarão como pagamento para ter posse da mais poderosa magia que essa academia já presenciou? Seria esse o fim de seus poderosos e preciosos itens mágicos deixados de presentes pelos maquiavélicos papais?

Depois de concluído acredito que o ritual peça uma nova e última etapa, após o pagamento, e enfim porei minhas mãos na famosa e misteriosa conjuração divina dos fundadores. Mas por enquanto terei que esperar pacientemente. Como Guarda dos Sentinelas estou e estarei os observando e os ajudando como sempre vim fazendo, com minhas crias Sentinelas por toda a parte e agora possuo novos ajudantes, os lobisomens do Zoo. Para que deem a mim a Conjuração Divina. E quando a tiver em minha posse, como o Livro da Bruxa, posso enfim me livrar deles, assim como fiz com seus pais a 10 anos atrás!

Continua em:

"Capítulo VI - Os Guardiões da Magia e o Totem dos Fundadores (Saga II)"


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